sábado, 13 de setembro de 2008

CONTRA CAVACO


Imagem do KAOS


É público que não suporto o Sr. Aníbal, nem um pouco, e não suporto de ontem, de hoje nem de amanhã.

Ele teve a sorte de eu andar bem longe de cá, quando fez o tal ridículo discurso à "Nação", que depois me contaram ter sido um dos momentos mais baixos da já corroída "passerelle" política.

Objectivamente, ando, há anos, à espera de que o Cavaco se foda, e expie, de uma vez por todas, o mal que fez a Portugal, enquanto protagonista do "The Great Portuguese Disaster", de 1985 a 1995.

Pode ser que me engane, mas os ventos andam de feição a que se lhe quebrem os mastros. Tudo o que funda o meu texto foram coisas que ouvi, portanto, tanto melhor, porque desconheço se são fundamentadas: para mim, foram inspiradoras, e os meus textos são fruto de inspirações, não de quaisquer minúcias jurídicas, ou factuais. São textos de Opinião e Intervenção, Intelectual, Escritor e Maduro.


Parece que o Sr. Aníbal, que pouco se preocupa com o declínio das condições de vida do Povo, do qual, desgraçadamente, é o mais alto magistrado, está solenemente preocupado com que retirem uma lasquinha de talha ao dourado da sua idealização da figura do "Presidente da República", ou seja, há um narcisismo obsoleto, que só interessa a ele, à Maria e ao Menino Jesus, ou seja, à patética manjedoura em que quereriam que nós permanentemente participássemos.

Eu quero que essa manjedoura se foda, mais a Maria, o Menino Jesus, e o Burrinho, mas o grave da coisa é que essa ridículo par -- ele, cada vez mais parecido com o defunto pai, que era um ícone de provincianismo das feiras do Interior Algarvio, e ela, uma modista "on-line" e "on public", com a Falha de Santo André entre a gola dos penosos casacos, os "tailleurs", e o cachaço, cada vez mais acentuada, e as pernas em arco, num truca-truca vergonhoso, de peixeira de balcão decadente -- esse ridículo par é o rosto público do Estado Português, de si, e de mim, no Exterior do Séc. XXI.

Simplificando, era como se Portugal, de cada vez que aparece no actual Palco do Mundo, enviasse sistematicamente o Zé das Botas e a sua Governanta Maria. Acontece que Portugal somos todos nós, e o ridículo é colectivo, portanto, penosamente nosso.


Agora, vamos à dissecação: a coisa não é difícil de entender. Nalguns anos, posteriores ao Solavanco dos Cravos, muitas vezes se disse que Freitas do Amaral era o herdeiro presuntivo do Marcelismo, e o suposto transitório do transitório, que levaria Portugal a uma modalidade democrática "soft". Não sei, não sou desse tempo, mas até aceito a versão.

Com o tempo, Freitas do Amaral, como tantas outras figuras do CDS, que raramente gera Partido, mas frequentemente fabrica notáveis Estaturas Individuais, Freitas do Amaral tornou-se respeitável, e não vamos ser maus e fazer analogias com o ditão das putas... Pelo contrário, o Sr. Aníbal, quando, com os tostões da bomba, lá foi esticar os conhecimentos na praça britânica, trazia, no âmago da sua ambição, a ideia de que, regressando a Portugal, imediatamente ingressaria num alto poleiro da "Nomenklatura" do Estado Salazarista, ou Marcelista, ou o que quiserem.

Teve azar: pelo meio, houve uns tantos visionários, mais um loucos, uns opostunistas e uma maré de gente, saturada de vir com um braço, um olho, ou uma pila a menos, do "Ultramar", que deitaram abaixo um andaime que já estava muito para lá do podre.

Na carreira prevista do Sr. Aníbal, isto foi um... contratempo, e eu percebo, perfeitamente, quanto lhe deve ter custado regressar a um Portugal, no qual não havia espaço para mentes neo-salazaristas virem expor os seus "Doutoramentos-feitos-lá-fora". E ainda percebo mais que ele nunca tenho percebido que tinha acontecido "qualquer" coisa.


O Sr. Aníbal é um analfabeto funcional, cujas competências se limitam a uma pequena clareira, em redor das banalidades do seu Doutoramento. Como diria o saudoso António Silva, "Doutoramentos há muitos, seu palerma!...", e palermas ainda mais, e cada vez mais, ao ponto de termos hoje uma plateia indiferenciada, de olhos postos no Futebol e nos "Gatos Fedorentos".


Pelo contrário, eu, Cidadão Europeu, por coincidência, Português, do Início do Séc. XXI, não tenho a mais pequena culpa de que o Sr. Aníbal tenha tido as suas expectativas goradas, e que justamente na altura em que ele ia pôr o pézinho no degrau mais alto, a escada se tenha desmoronado, debaixo dos seus suados joanetes de Boliqueime.

Eu sei, eu sei, isso custa, mas a mim e a 10 000 000 de Portugueses ainda há coisas que custam mais, e o Sr. Aníbal está-se zenitalmente nas tintas para isso. Na aparência, o que o preocupa é que venha diminuído, numa maravilhosa região ultra-periférica da Europa, chamada Açores, o seu arquétipo de "Presidente da República", o seu proviniciano EU promovido.


Já várias vezes afirmei que, com a sua aziaga eleição, Aníbal atingiu o Topo da Base, ou seja, subiu ao ponto mais alto que a sua limitada mundividência deixaria antever, e fê-lo fora de prazo, "atrasado" -- uma chatice -- por causa das "forças de bloqueio", gentes que lutavam desesperadamente para ter um pouco de vida melhor, uns bens materiais, de que tinham sido privados durante meio século, mais educação, acesso às maravilhas da Cultura, e um digno lugar no Concerto das Nações.

O Sr. Aníbal estava-se nas tintas para isso: nunca deu com os costados em infectas masmorras, como Cunhal e tantos outros militantes dos "Ismos", filhos do Marxismo, não teve de fugir, como Soares e a sua família política, não teve de andar a batalhar, e a arriscar o pescoço, como Sá-Carneiro, os Monárquicos, os Centristas Indiferenciados, e os muitos, muitos, pobres desgraçados, Democratas de todas as cores, que por cá ficaram, a penar um atraso estrutural, que lhes custou os melhores anos da vida, quando não custou a própria vida.

A Democracia Portuguesa nada deve a Cavaco Silva.

O tecido Económico, Cultural e todas as frentes de Produção, da Agricultura aos Serviços, só têm nele a figura do Coveiro.

Em contrapartida, devem-lhe o apadrinhamento da Droga, do Desvio de Fundos, do Novo-Riquismo, da Corrupção de Estado, e do início de todos os tráficos, que hoje nos corroem.

Aquando do período em que se traficaram livremente escravos para executar as Obras do Regiem, uma das mensagens de sanitário mais xenófoba, fria e sarcástica que alguma vez li, rezava o seguinte: "O Cavaco deixou vir os pretos, que te roubaram os empregos, as casas e as gajas, e tu agora tens de ficar no teu quarto, a bater uma punha".

Reservo-me não comentar este comentário: fica a coisa para vocês.


Anti-europeísta, até lhe cheirar a dinheiro fácil, Cavaco Silva, não tivesse sucedido esse "azar" chamado 25 de Abril, continuaria, sem perceber, sequer, que isso era uma anomalia, o conhecidíssimo "Orgulhosamente Sós"... Porque Cavaco estagnou, naquele tempo mítico, em que o seu doutoramentozito, sobre uma pequena partícula das preocupações do Mundo, lhe iria assegurar um bom poleiro (1973), num Regime Defunto, exctamente aquele que tanto confunde os Jornalistas, de cada vez que ele abre o emissor de perdigotos, e, freudianamente, lhe escapam a Assembleia "Nacional" (sic.), o Dia da "Raça" e outras tantas outras que lá vão ficando pelo caminho, porque é para isso que servem os consultores de postura e imagem, que bastante trabalho devem ter em tentar "aggiornar" um cangalho que parou nos Anos 60.


Quando se preocupa com que o Estatuto dos Açores, aprovado por uma Câmara inteira do Sistema Democrático Português, lhe retire uma partícula de Poder, está desfasado no tempo, nas funções e no cenário: todos sabemos que dificilmente iria além de um Américo de Deus Thomaz, mas ele está mais atrás, e sonharia ser um Marechal (da Bomba) Carmona.

Vai ter de se "desenganar", como dizem as varinas: as sociedades democráticas, com todos os sintomas de crise que a nossa atravessa, continuam a dispor de sistemas de regulação para Chefes de Estado que... "desregularam".

Nenhuma Democracia poderá aceitar que um Presidente -- sobretudo a nossa, que é Parlamentarista, e não Presidencialista -- venha declarar que "irá vetar sucessivamente uma coisa que não lhe agrada".

Em teoria, poderá fazer o que quiser, e votar quantas vezes quiser, até afrontar a Constituição e o Regime: aí, meus amigos, entre um braço de ferro dos Poderes Legislativo e Executivo, e um Chefe de Estado com "manias", alguém terá de ceder. Sócrates e os seus estrategas, só se forem totalmente imbecis -- e não o são -- não cederão, e a parte fraca sobrará para o homem que vive no, e do, Passado.


Desconheço quais os mecanismos constitucionais para o porem em cheque, mas espero que os leitores deste texto me ajudem, no clarificar da situação.


Brevemente, haverá eleições regionais nos Açores. Espero, com a maior sinceridade, que o P.S. Açoriano as vença, como prova de resistência a um cangalho obsoleto, assim como espero, tal como no Passado já aconteceu, que as Ilhas venham pôr ordem num Continente que está entregue a si mesmo.

O desafio não se confina aos Açores: muito saudável seria para a Democracia que, dada a paralisia, e a entrega do "Centrão" a interesses sinistros, como a Ortodoxia Religiosa da "Bruxa", e os da Casa Pia, viessem os Arquipélagos refundar os dois Grandes Partidos do Centro, P.S. e P.S.D.

Aqui fica lançado o desafio ao cómico Alberto João e a Carlos César.

Lembram-se de como a Pedofilia foi resolvida, em dois tempos, no meio do Atlântico, sem quaisquer indemnizações nem afrontas à Opinião Pública Nacional?...


Pois que venham os Arquipélagos, se assim tiver de ser, e acho que vai mesmo ter de ser, para evitar sangue nas ruas.

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