quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A extinção da Fundação BPN, como contrapartida para a manutenção dos presépios de Maria Cavaco Silva




Imagem do Kaos


Como já Salazar dizia, extinguir uma fundação dá de comer a um milhão de portugueses. Ora, como Salazar já passou, e estamos numa era de políticos infinitamente mais consistentes, persistentes e subservientes, há certas fundações que dão de comer milhares de milhões a um punhado de escroques cada vez menos escrutinados.

Para mim, criado no  bom gosto de uma Fundação Gulbenkian, percebo perfeitamente que, na deriva do país degradado, existam coisas como a Fundação Sousa Cintra, a ver-se intocada, sinal de que o Conde Caria, tinha uma visão de futuro, de cada vez que parava o ascensor entre dois pisos, para aviar de boca o então "lifter", que acabou como fundador da Fundação. Todavia, tudo isto são trocos, já que o leitor, como eu também, já terá recebido, por email, aquela célebre descrição da maior fundação de todas, ou pessoanamente, a Fundação-todas-as-Fundações, também conhecida por BPN.

Dizem as más línguas que dava para fazer não sei quantas pontes, dar a volta à Europa em TGV, pagar subsídios até ao séc. XXII, e até fazer o impossível, como fazer o Cavaco nascer duas vezes, ou devolver a virgindade à Teresa Guilherme, mas vamos ao que interessa: o Governo, num ato de inusitada coragem, que revela a altíssima craveira da nata que nos governa, extinguiu hoje a Fundação BPN, assim retirando, dos ombros dos contribuintes, o mais pesado dos fardos com que arcava.

A decisão é politicamente dura, corajosa, e tem imediatas consequências, posto que, como é sabido, os seus quadros sempre se esmeraram em integrar tudo o que eram os resíduos sólidos do Primeiro Cavaquismo, e, mesmo, as entradas, canapés e aperitivos, do Segundo.
Mas tenhamos calma, e não nos assustemos: Mira Amaral, um criminoso, que pilhou o Estado dos fundos próprios e dos Fundos Estruturais, no meio daquelas babas com que se borra todo de boca, nas televisões, já garantiu um pensionato próprio, assegurado pela bielo-russa ou cazaquistaneza, ou lá de que merda é, Isabel dos Santos, uma empresária de sucesso, dos salões da Nova Desordem Mundial, embora haja muitos que vão ficar de fora, ou a engrossar as fileiras dos fundos de Desemprego.
Sabe-se que a decisão não foi consensual, já que os barões do PSD, depois de queimarem Passos Coelho, dificilmente encontrarão um idiota da mesma estirpe, para representar pacificamente os interesses que nos governam, e a coisa tem de aguentar-se mais uns mesitos, perdão, mais umas semanitas, sei lá, uns dias, até que se ponham a salvo alguns capitais, que o filtro de Cabo Verde -- aquilo é territorialmente pequeno -- ainda tarda em escoar.

Decisivo, foi o telefonema de Belém, em que Cavaco Silva, o padroeiro da "Coisa" disse que já tinha desistido de acabar com decência o mandato, e já se contentava com acabá-lo "de qualquer forma".

Aqui, já o tema começa a tornar-se interessante, posto que o "de qualquer forma" já está na rua, e cada vez mais atento: as caras, as expressões, o movimentar, a adrenalina, o acumular do ódio, o derrubar de todas as barreiras, representam o despertar de um Portugal Profundo, atávico, e assustador, porque imprevisível, que, ao longo da História, atirou, do alto da Torre da Sé, o Bispo de Lisboa, em 1383-85, correu com uma puta, que andava a estender os falópios a um castelhano, e foi por aí fora, defenestrou, maria da fontinhou, regicideu, e até sidonizou.

O país está agora coberto de padeiras de aljubarrota e de alas dos namorados, e, de cada vez que um escroque ministerial tenta sorrir, e pôr a penca de fora, logo tem de engolir uma vaia monumental.

Já não há assessores de imagem que consigam corrigir o incorrigível, e, por mais cosméticas que as televisões sejam pagas para fazer, neste tempo de Penélope, tudo o que eles urdem, durante o dia, é imediatamente despedaçado, pela calada da noite, por uma antiga maneira de estar, muito Portuguesa, a da rebeldia e rebelião.

Nas ruas, as "gorduras" do Estado já não são engolir incolumemente os cortes nas pensões de 300 € da Dona Alzira, mas querer ver, por exemplo, o Ferreira do Amaral, esse suíno, espetado naqueles grelhadores da Pita Shawarma, a limparem-lhe os sebos, com um cortador.


Os não alinhados, os que nada têm a perder, os que não estão em pleno emprego, nem em semi, nem em nenhum, por não serem das seitas, dos conúbios, das promiscuidades, decidiram trazer o esboço da Nova Ordem para a rua, por mais que isso chateie os comentadores do "Expresso", as Claras Ferreiras Alves deste... perdão, desse Mundo, e o lambe solas António Barreto, mais os seus números encomendados.

Eles estão desempregados, e sem futuro, e isso é perigoso, porque têm todo o tempo do Mundo, para virem fundar, pelas praças, a Nova Democracia.

Eles são as formigas que querem os postos de trabalho que as cigarras extinguiram, para poderem continuar a cantar o seu autista fado antigo.

Como Mandelbrot previu, nós estamos perante um "Cisne Negro", uma coisa nunca vista, muito menos, para os comentadores do politicamente correto, e as danças de mãos dos sete véus do sofista Marcelo, e das velhinhas ternurentas, que ainda o escutam, enquanto adormecem.

Não se assustem, todavia, os Portugueses. Continua a haver valores seguros, como a virgindade (com mulheres) da Senhora de Mota Amaral, o sacar de bolas da Santa Casa da Misericórdia, da Serenela Andrade, as mamas descaídas até aos joelhos, da Teresa Guilherme e dos seus cobridores de aluguer, dos "Rosso Escort", de só haver um único condenado do Futebol, Vale e Azevedo -- que a Conceição diz que todos eles odeiam, "porque é chique", e é capaz de ter razão... --, as visitas de Dias Loureiro à casa do criminoso agente de Angola, o não diplomado Miguel Relvas (e faço aqui um parêntesis: quando é que a Associação de Agentes da P.S.P. se digna proteger este seu membro, sempre a guardar a porta, que, ao ver entrar, pela garagem, um ladrão, procurado por todos os cantos do mundo, e, sem logo poder sofrer represálias, imediatamente deveria informar a esquadra, de Belém, de que Dias Loureiro estava ali, e para ir a conselho, com Miguel Relvas, para que a boa nova, a seguir, chegasse ao Palácio Cavacal, onde o inconsolável Aníbal já não pode receber o seu protetor do Garrafão da Ponte, de onde mandava disparar sobre a multidão?...) e dia 13 de outubro, se lá chegarmos, a Santa com Cara de Saloia vai voltar a passear-se, no seu andor, com aquele descair de cabeça sobre o ombro, que lhe é tão característico, e representa quase 100 anos de atraso mental dos Portugueses, pura oligofrenia coletiva, sem que um "snipper" lhe faça pontaria à porcelana, e a transforme numa poeira sentimental, isso era bom demais, e não vale a pena sonhar tão alto.

Olhemos, antes, para o calendário, e vejamos o correr dos dias: cada dia é hoje uma efeméride, e, cada efeméride, uma multidão, e tantas haverão de sair para a rua que esta canalha acabará por cair, a bem ou a mal, redonda, no chão.

(Quarteto do Madrid é uma festa, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino", e em "The Braganza Mothers")

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