sábado, 29 de setembro de 2012

Dos lambe botas aos lambe golas




Imagem do Kaos


Há os que servem, os que gostam de servir, e os que nem sabem o que estão a fazer.
À segunda categoria, o vernáculo português sempre chapou com o carimbo de "lambe botas", o que, muitas vezes, era uma ofensa ao respeitável calçado, vários furos acima do miserável recheio.
Estimado leitor, se olhar em seu redor, imediatamente poderá fazer uma considerável contabilidade de lambe botas, já que a pirâmide social, ou, mais propriamente, a Mediocracia, é visualmente constituída por uma pirâmide de línguas, que se estende para cima, e mais para cima, patamar após patamar, até chegar às botas do Asco Supremo. Como Deus, o lambe botas está em toda a parte, desde a Loja do Cidadão até ao mero cidadão da Loja, sobretudo na fase em que ainda se encontra no estádio do cinturão aventalado branco.

O lambe botas pode chegar alto, como Manuel (de dia) Maria (de noite) Carrilho, que agora lançou a sua biolambedografia, de como conseguiu ascender na Universidade, de uma média de 10, a sucessivas nomeações em Diário da República, que o levaram à Cátedra. Com se diria, no Direito Canónico, foi uma arrelvação antes da arrelvada, e chegou a Ministro das casas de banho, o topo da base de todos estes pingentes. Brevemente a sua carreira meteórica também inspirará Joana Vasconcelos, que incluirá no Jubileu Carrilho o célebre episódio da telefonista da UNL, que desinfetava as mãos, sempre que ele era chamado ao PBX, "ai, senhor doutor, nunca se sabe se se pode apanhar alguma doença aqui..."

Juro que o álcool não era pago pelo Conselho Nacional de Ética.

Tudo isto é parodiado, porque, como se sabe, em Portugal a tendência é para as coisas encontrarem sempre uma subcave de si mesmas, de que são epifania Teresa Guilherme, as prosas de Clara Ferreira Alves, ou os "romances" de Miguel Sousa Tavares, pelo que, esgotado o lambe botas, o Portugal Profundo resolveu dedicar-se ao Inteligent Design do... lambe golas.

Para que não haja dúvidas sobre de o que estamos a falar, quando falamos de "lambe golas", devemos soletrar "lambe golas", como lambe
go
las,
categoria que, quando os Estados tinham a dignidade, que, sucessivamente, lhes foi retirada por Putines, Barrosos, Sócrates, Sarkozys, Berlusconis, Merkels, Rajoys, Chávez, Dos Santos e escroques afins, era geralmente taxada de "vende pátria", ou "traidores da pátria", uma categoria muito baixa, na hierarquia social, e, sobretudo na história moral dos povos, quando a havia.

Em Roma, eram levados à Rocha Tarpeia, enquanto Lisboa agora se contenta com enfiá-los no Conselho de Estado.

Um lambe golas é um indivíduo, ou respetiva fêmea, que, estando em Portugal, está ao serviço,  mais ou menos descaradamente, de interesses estrangeiros.

O Darwinismo português, desde que Portas não se demitiu com o escândalo da "Moderna" -- o primeiro de todos os políticos portugueses a nunca mais se demitirem, sempre que um escândalo os colocava, na lógica do bom senso, imediatamente fora do tabuleiro da credibilidade -- leva a que os lambe golas cada vez trafiquem, mais às claras, com as potências a que servem.
Evidentemente, não trabalham para o Canadá, exceto Álvaro dos Santos Pereira, que foi tão boa porteira, lá, que resolveram empossá-lo na mesma categoria, cá. Ouvi-o, no outro dia falar inglês, e notou-se que deve ter dito "good morning, sir" e "good evening, mistress" a várias gerações de gente civilizada, a quem fechava a porta do ascensor, assim absorvendo polidez e alguma cultura palatina.
Há os lambe golas, da variante lambe selas, quando traficavam (josés) "magalhães" com o ditador oligofrénico, de Caracas, das Venezuelas, e depois passaram a tentar traficar tudo, TAP incluída, na forma de lambe lombas, ou lômbias, das Colômbias. Havia, e há, o Luís Amado, que lambe de lado, e está ao serviço da América, como é universalmente sabido, mas a pior categoria, é definitivamente, a dos lambe golas, que têm o cromossoma neandertalês típico do lusitano, mas a alma, o coração e a conta, com vista para os musseques.
Dividem-se entre os evidentes, os escandalosos e os que já estão tão metidos naquilo que nem se dão conta.

Miguel Relvas, uma anomalia espaciotemporal, que se consegue estender, dos delírios de Hawking, à mais perfeita das teses quânticas, a do Príncipe de Broglie, é o paradigma do lambe... go...las profundamente escandaloso. Supomos que seja devido à fratura da placa australiana, que o tenha levado a uma deslocação forçada, no tempo e no espaço, porque, a ser-se justo com a era que inaugurou, deveria ter sido colega de Sócrates nos bancos da "Independente", para ter obtido o canudo da catinga, no tempo das licenciaturas gordas. Teve azar, e sobrou para a Universidade dos Orgasmos, onde lhe deram equivalências magras em tudo o que tinha de fraudes, crimes económicos e de lesa pátria, e até saiu barato, porque parece que pagou a propina mínima em kwanza, para que a mulata soltasse uma lagriminha, que nem António Gedeão, com as suas transmutações poéticas, hoje conseguiria converter, de lágrima de sangue, em choro de água chilra.

O lambe golas criminoso, uma subvariante do escandaloso, nesta taxonomia do declínio, é o evidente Migâ Amâghâl, a quem a Glória de Matos, se não estivesse já jubilada, deveria dar aulas de contenção de perdigotos, como deu ao Professor Aníbal, nos tempos em que arruinava Portugal, a partir de uma passeata pela Figueira. Resta-lhe o "personal trainer" de Miguel Esteves Cardoso, que lhe terá de ensinar a aparar as babas dos cantos da boca com a extremidade da língua, sempre que vier defender que, depois do BPN, vendido por uma cortesia, a mulata sonha agora com a Caixa Geral de Depósitos, mas na versão integral.

Sonhar não custa, desde que isso não provoque pesadelos nos alheios, e a situação já passou a fronteira do suportável. Dia 29, os lambe go...las vão ser todos remodelados na rua, se não lhes acontecer algo de pior, porque o Povo já entrou na fase do "Ça Ira!...", por mais que a Maria Cavaca os mande comer pastéis de Belém, já que pão não tem. Sábado será um dia de surpresas, até para Arménio Carlos, que, subtilmente, sonha com pôr os Indignados a reboque dos açaimos da sindicalização.

Já se passou essa era, e quem vai ser rebocado será o politicamente correto, das bandeiras sindicais, por uma maré única de gente, em forma indiferenciada de protesto.

Os lambe go...las vão rememorar uma terrível lição da História, que, no tempo dos nossos pais, e avós, foi ter de, justa ou injustamente, ir defender uma fronteira, nos confins de África, e muitas em Angola, dos lambe... golas, incluídas. Se muitas vozes então se ergueram contra a forma apressada com que os lambe tudo deixaram as fronteiras do último dos Impérios, nem os lambe golas sonhem hoje com uma colonização inversa: se não forem os militares, serão uma coisa bem pior, os populares, a passearem-lhes a cabeça na ponta de chuços, com a autoridade moral do peso de dezenas de milhar de mortos e mutilados, que coletivamente herdámos, desse lúgubre, e indelével, momento.

(Quarteto de abate imediato dos lambe golas, no "Arrebenta-SOL", no "Democracia em Portugal", no "Klandestino" e em "The Braganza Mothers")

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